Quais são os impactos da cultura de que precisamos ser felizes para sempre?
O processo da terapia nos permite explorar aspectos da vida que, muitas vezes, preferimos ignorar. A ilusão que nos acompanha desde a infância, a crença de que podemos viver felizes para sempre, é o motivo de muitas frustrações, tema de muitas horas de conversas terapêuticas, fruto de uma fantasia encantadora, um conto de fadas que nos é contado repetidamente.
A ideia de ser feliz para sempre é bastante sedutora, entretanto, a realidade é que a busca incessante pela felicidade eterna pode nos levar a um labirinto emocional perigoso, onde enfrentamos desilusões profundas e expectativas irreais.
Quero convidar você a se aprofundar nessa discussão, confrontar medos e descobrir como encontrar significado e contentamento, mesmo diante das adversidades. Seja bem-vindo(a) à análise sincera da ilusão de viver feliz para sempre.
Impactos da cultura do “felizes para sempre”
Os maiores malefícios da ideia de que precisamos ser felizes para sempre é o acúmulo de frustrações diante de uma vida fantasiosa. Esse conceito de felicidade eterna não existe, uma vez que ela é um estado de espírito e depende da percepção de mundo de cada um.
No entanto, essa busca incessante por um estado utópico de satisfação constante pode nos deixar presos em uma miragem inatingível, levando-nos a negligenciar a complexidade e as inevitáveis dificuldades da existência humana.
As relações exigem maturidade para compreender que os altos e baixos, momentos felizes e tristes ou conflituosos irão existir. E podem ser muito saudáveis até, do ponto de vista de que as divergências fazem com que possamos estabelecer limites dentro da união.
Evitar conflitos em nome da felicidade?
O preço em evitar certos conflitos em nome da felicidade pode tornar uma pessoa que nega sua própria essência, afinal de contas, quando alguém se anula em função do outro, alimenta uma dependência emocional e fomenta a dificuldade do ser humano em dizer não, em não se posicionar diante das situações e, principalmente, tornar-se submisso ao outro.
Um relacionamento onde existe uma submissão que aceita tudo e anula esse sujeito, minimizando suas vontades, suas escolhas e seus desejos pessoais estará cada vez mais distante de um relacionamento feliz.
Entretanto, não é preciso viver amargurado, pessimista em relação à felicidade ou renegando quem você é. É necessário que haja o equilíbrio na relação e os parceiros sejam conscientes de que são seres únicos, individualizados e que não necessariamente precisam sempre de alguém para se sentirem completos.
Como lidar com a felicidade real?
Em primeiro lugar, é preciso direcionar a atenção para a autoestima e o amor-próprio, para que não haja uma relação de dependência conflituosa e tóxica, afinal de contas, o “felizes para sempre” é uma construção meramente cinematográfica e a realidade é a construção do amor romântico como uma consequência do amor-próprio, e não sua única fonte de amor na vida.
Tão importante quanto o amor-próprio, é compreender que a vida é imprevisível e, portanto, devemos viver o agora sem medo de arriscar, oferecer ao outro o que temos de melhor e aprender a se permitir ser amado, com respeito e carinho. Viver com eterno receio só fará com que as dificuldades de se relacionar sejam intensificadas e os bloqueios passem a fazer parte do relacionamento. A ressignificação do afeto e da entrega são fundamentais para uma vida amorosa mais equilibrada e distante das utopias de relações perfeitas e felicidade eterna.
Enfim, reflita sobre esses pontos e, se precisar de ajuda para caminhar em direção à mudança de atitude e mentalidade, conte comigo. Agende seu horário e viva o processo terapêutico por você, numa jornada de autoconhecimento e amadurecimento.
Dra. Andrea Ladislau
Psicanalista