A campanha Dezembro Vermelho é uma excelente oportunidade para abordar o tema
Assim como o Outubro Rosa, o Novembro Azul e o Janeiro Branco, o Dezembro Vermelho vem para desmistificar o preconceito velado contra pessoas portadoras do HIV. Desde o dia 1° de dezembro, instituições educacionais e de saúde se mobilizam nacionalmente na luta contra o vírus HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis (IST), chamando a atenção para a prevenção, assistência e proteção dos direitos das pessoas infectadas pelo HIV. Afinal, o preconceito em nada ajuda, apenas afasta as pessoas, enquanto a informação faz toda a diferença.
Em tempos de reflexões sobre o HIV, vamos buscar ter mais empatia e tentar compreender a reviravolta, nuances e implicações internas e externas, de uma pessoa que recebe um diagnóstico de AIDS ou de qualquer outra doença do gênero.
Receber esse diagnóstico de forma equilibrada, não é fácil. Aceitar e saber lidar com o medo, a insegurança em relação ao tratamento, a angústia diante de um futuro incerto, entre outras questões importantes neste momento tão delicado, sem dúvida alguma é um grande desafio.
Por isso, o acolhimento da família, amigos, parentes, pessoas próximas, uma verdadeira rede de apoio presente é fundamental para que o indivíduo não se isole e não venha a desenvolver doenças graves como a depressão.
No entanto, não devemos esquecer que até mesmo essa rede de apoio, familiares, amigos, enfim… precisa estar preparada para saber como acolher e como proceder para que possa ser oferecido a essa pessoa um acolhimento adequado, bem como um tratamento que assegure maior qualidade de vida e garantia do direito à saúde.
O diagnóstico não é uma sentença de morte
Atualmente, temos milhares de pessoas no mundo vivendo com o vírus e fazendo uso das medicações específicas ao tratamento. Enquanto, infelizmente, também assombra uma triste realidade em que muitas pessoas abandonam o tratamento, refugiam-se e não se cuidam por medo de serem discriminadas pela sociedade.
Sentimentos como vergonha, culpa e medo são grandes impeditivos na busca da testagem e do tratamento eficaz. A consequência disto é que o sujeito não conhece sua condição clínica, iniciando tardiamente o processo de tratamento e, nesse período, siga transmitindo o vírus para outras pessoas.
Por isso, a naturalização e exposição à testagem precoce é de suma importância, já que quanto mais cedo o diagnóstico for definido, melhores serão as chances de tratamento e conquista de qualidade de vida. Porém, se o diagnóstico de HIV chegar, o cuidado e o olhar para este paciente precisa ser o mais humanizado possível.
Cuidando do emocional de pessoas que vivem com HIV e seus familiares
Um dos pontos mais importantes é buscar ficar mais próximo desse indivíduo e mostrar que não precisamos de grandes momentos para estarmos juntos, temos que aproveitar cada minuto e admirar as coisas simples da vida. Assim, sua rede de apoio também precisa estar equilibrada e bem informada sobre a doença para canalizar suas energias na nova reformulação de seus valores e conceitos dentro da caminhada que está se iniciando.
Portanto, é preciso reavaliar o estilo de vida da pessoa com HIV para que ela perceba a necessidade de mudança. Seu bem-estar depende muito de sua cabeça e de seu estado de espírito, resiliência e postura em relação ao enfrentamento da doença. Somente com uma postura ressignificada diante do diagnóstico é possível absorver todos os benefícios que o tratamento pode oferecer. Os cuidados com a saúde são essenciais e lamentar não trará nenhum benefício. Não se entregar à tristeza, ao isolamento e à depressão fará com que o diagnóstico recebido seja encarado como um grande desafio de uma guerra que pode ser minimizada e enfraquecida.
Se precisar de ajuda para lidar com as emoções e sentimentos por ter recebido o diagnóstico ou ter algum familiar que vive com HIV, fale comigo pelo WhatsApp (21) 97023-8669.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista