Andrea Ladislau

Recebi um diagnóstico de câncer e agora?

Como preservar a saúde mental ao lidar com um diagnóstico de câncer

Em tempos de reflexões sobre o câncer de mama, no Outubro Rosa, vamos buscar ter mais empatia e tentar compreender a reviravolta, nuances e implicações internas e externas de uma pessoa que recebe um diagnóstico de câncer (de qualquer tipo). Receber esse diagnóstico de forma equilibrada não é fácil. Aceitar e saber lidar com o medo, a insegurança em relação ao tratamento, a angústia diante de um futuro incerto, entre outras questões importantes neste momento tão delicado, sem dúvida alguma é um grande desafio. O acolhimento da família, de amigos, de parentes e de pessoas próximas é fundamental para que o paciente não se isole e desenvolva, assim, doenças graves como a depressão.

Podemos dar algumas dicas para que o cuidado e o olhar para este paciente possa ser  o mais humanizado possível. Um dos pontos mais importantes é buscar ficar mais próximo desse indivíduo, tentar mostrar que não precisamos de grandes momentos para estarmos juntos e que temos que aproveitar cada minuto e admirar as coisas simples da vida. Incentivar o paciente a fazer o que gosta, buscando, assim, tornar a vida mais leve e valorizar os pequenos e grandes prazeres é primordial.

Encontrar um propósito de vida, um foco para canalizar suas energias e esperanças também é um dos motivos de sucesso aliados aos tratamentos oncológicos. Ajudar o paciente a entender e redefinir o que realmente é fundamental para a vida e quais são as pessoas que ele deseja que estejam por perto resulta em uma nova reformulação de seus valores e objetivos da caminhada que está se iniciando.

É necessário que seja reavaliado o estilo de vida do paciente e que ele perceba essa necessidade de mudança. Optar por hábitos mais saudáveis, mudando a alimentação — na medida do possível, sempre seguindo as recomendações médicas —, e buscar realizar algumas atividades físicas são essenciais para um um bom funcionamento do tratamento. Temos que levar em consideração que a nova rotina de exames excessivos e as constantes visitas médicas já trazem, a esse paciente, uma atmosfera de exaustão, cansaço e a sensação de que ele pode não dar conta, alimentando ainda mais seu sentimento de medo e insegurança com o que está por vir.  

Quando o paciente compreende que sua cura também depende muito de sua saúde mental, do seu estado de espírito, da sua resiliência e da postura em relação ao enfrentamento da doença, ele já sai na frente em ganho de melhoria de vida, de qualidade e de absorção de todos os benefícios que o tratamento possa lhe oferecer, independentemente do tipo de câncer a ser enfrentado. É muito importante manter o pensamento positivo e acreditar que a cura é possível. Se lamentar não vai mudar absolutamente nada. A situação está ali, definida. É necessário buscar alternativas e forças para enfrentar o desafio junto com o desejo de viver da melhor forma: bem e agora.

Enfim, não perca tempo e procure viver um dia após o outro. Os cuidados com a saúde são essenciais. O diagnóstico não é uma sentença. É importante seguir todas as recomendações médicas, realizar os exames indicados, tomar as medicações e buscar hábitos de vida mais saudáveis. O equilíbrio mental também é fundamental, pois nossa mente é grande responsável pela nossa cura e pelo nosso bem-estar. Não se entregar à tristeza, ao isolamento e à depressão fará com que o diagnóstico recebido seja encarado como um grande desafio, mas uma guerra a ser vencida.

Dra. Andrea Ladislau, psicanalista.

Deixe um comentário