O tratamento de silêncio é uma estratégia de manipulação que transmite desprezo, com o objetivo de controlar a pessoa que está sendo submetida a ele. Isso pode causar danos emocionais e psicológicos. A melhor forma de lidar é buscando ajuda profissional para recuperar a autoestima.
Pelo menos uma vez na vida, mesmo que de forma inconsciente, todos nós já ficamos
sem falar com alguém, em silêncio por um tempo, no intuito de conseguir algo. Pois é,
isso é mais comum do que imaginamos. Esse tipo de comportamento recebe o nome de
“tratamento de silêncio”. Ainda que não seja nossa intenção, funciona como um método de punição psicológica ou abuso, que consiste em
ignorar e excluir alguém durante um período de tempo para mexer com seu emocional.
É muito aplicado por narcisistas e por pessoas com traços de personalidade antissocial, que o utilizam intencional e frequentemente para conseguir o que desejam. Mas quais são as implicações psicológicas desta ação?
O que significa o tratamento de silêncio?
O tratamento de silêncio é uma estratégia passivo-agressiva de manipulação que
transmite desprezo, sempre com o intuito de controle. Pode acontecer dentro de todo
tipo de relacionamento: familiar, romântico, profissional e até mesmo entre estranhos.
No entanto, é um tipo de tratamento imaturo, cruel e emocionalmente prejudicial à
saúde mental de quem o recebe. O ato de ignorar alguém pode ser considerado um tipo
de abuso que fere além do nosso corpo físico, pois danifica a alma e destrói a autoestima.
Quem pratica?
O abusador que provoca o tratamento do silêncio, na grande maioria das vezes, pode ser
uma pessoa com personalidade doente, narcisista, autoritária, antissocial, punitiva e
perversa. Usa o silêncio como forma de punir sua vítima, favorecendo o comportamento
abusivo, através de manipulação e chantagem, com o intuito de comover seus parceiros,
filhos, colegas de trabalho, amigos, entre outros. Essas pessoas, quando contrariadas,
recusam-se a ouvir, falar ou responder aqueles que eles desejam atingir, ignoram
emocionalmente para magoá-los, puni-los e manipulá-los. Algumas pessoas até se
recusam a reconhecer a existência do outro por horas, dias ou semanas.
A vítima
As vítimas desse abusador, de alguma forma, sentem-se menos humanas ou até
invisíveis. O silêncio frio pode reforçar os sentimentos de vulnerabilidade e medo, por
afetar a autoestima, gerar angústia e frustração. A curto-prazo, esse tipo de isolamento
causa estresse, desconforto e ansiedade. Contudo, a longo prazo, pode provocar danos
maiores à saúde psicológica, inclusive pela facilidade de provocar sentimento de culpa e inferioridade crônica na vítima.
Como lidar com o tratamento de silêncio?
Como lidar quando somos vítimas desse tratamento? A primeira coisa a se fazer é
encarar a situação com sabedoria e calma. Não alimentar a raiva e não permitir que o
ego assuma posição de comando. Também vale a pena procurar a outra pessoa para ter
uma conversa adulta. Não cabe conservar o silêncio nessas situações. A “vítima”
precisa tentar descobrir o que está errado e não retribuir o tratamento que está
recebendo. Se um ou ambos precisarem de espaço, é primordial que resolvam a questão
juntos, através do diálogo, quebrando o problema da falta de comunicação e
estabelecendo a compreensão mútua com paciência. Ignorar um problema nunca é a
solução e as pessoas não deixam de existir só porque decidimos ignorá-las. É preciso
maturidade e sabedoria para resolver as questões.
Busque ajuda, quebre o silêncio
Em resumo, o tratamento do silêncio é, sem sombra de dúvidas, uma violência
psicológica. É preciso se preservar e manter o equilíbrio. No entanto, se o abuso for
constante e não for possível lidar com a situação de forma saudável sozinho, faz-se
necessário buscar ajuda de um profissional de saúde mental que possui ferramentas para
fortalecer a autoestima do indivíduo.
Dra. Andrea Ladislau / Psicanalista