Criado em 2000, o Dia Mundial da Gentileza foi instituído com o objetivo de espalhar alegria e generosidade pelo mundo. Pequenas boas ações que fazem bem ao próximo e ao sistema emocional de quem pratica.
No Dia Mundial da Gentileza, 13 de novembro, lembramos do que nos torna mais humanos. Um gesto tão simples e que, sem dúvida alguma, faz muita diferença na vida das pessoas. A gentileza é uma atitude que transforma. É o remédio para muitos males.
Os ecos de um gesto gentil são efetivamente infinitos, assim como o sentimento de gratidão. Seja sempre gentil em suas palavras, ações e pensamentos. A gratidão também deve ser valorizada, pois ambos, gentileza e gratidão, contribuem de forma positiva para equilibrar o nosso sistema emocional.
Gentileza não é sobre ser “bonzinho”
Por vezes ouvimos as pessoas dizendo: “Por mais que eu faça para as pessoas, não sinto que estão agradecidas e isso me magoa muito”, “Fiz tanto e o outro não me deu valor”.
Então, vamos pensar juntos sobre isso. Pergunte a si mesmo: a pessoa pediu sua ajuda? Se pediu, pede sempre e não é agradecida, está na hora de você rever essa relação. Será que não está sendo explorado pelo outro? Será que não está sendo usado? Se for esse o motivo, o problema está mais em você do que no próximo. Aprenda a dizer “não” e não se disponibilize sempre.
De que adianta ajudar e estar sempre se sentindo mal porque esperou receber algo e não recebeu? No entanto, em algumas situações, a pessoa pode não parecer agradecida por se sentir humilhada. É difícil ter que depender de alguém para alguma coisa ou ficar em dívida sempre. Avalie também suas atitudes, veja se está se oferecendo para ajudar ou já vai tomando iniciativa. Em alguns casos, o outro pode se sentir sem graça de recusar sua assistência e o considerar como uma espécie de intrometido.
Bondade versus validação
Exercer a gentileza sem esperar nada em troca é a melhor atitude a ser praticada. Não precisa ter agradecimento. Ou você ajuda com a intenção de que gostem de você? Se for ajudar pelo simples ato de bondade seria suficiente, mas se ajuda para parecer bonzinho, a falta de agradecimento o magoará. Pois, nesse caso, faz sempre para receber algo em troca, e isso tem muito mais ligação com o seu ego que precisa estar satisfeito do que com a sua boa vontade em ajudar o outro de alguma forma. E o pior, o indivíduo que ajuda se ressente, se sente o mais injustiçado e promete vingança: “nunca mais ajudarei”, mas está sempre renovando esse sentimento e a necessidade de fazer a fim de satisfazer o seu ego.
E repete tudo de novo: faz e fica magoado. Lembre-se: não demonstrar gratidão não quer dizer que não haja estima ou amor. Há pessoas que são mais tímidas, têm dificuldade de demonstrar sentimentos. Contudo, o mais importante é você avaliar a razão que o deixa magoado, acredito que não seja só a falta de agradecimento.
Questione-se e encontre suas respostas: “Por que tenho que ser perfeito ajudando todos?” Ser gentil é uma atitude altruísta que auxilia e muito no sentimento de bem-estar e na produção dos chamados “hormônios do bem” (oxitocina, endorfina e a serotonina). Assim como a gratidão também auxilia nessa produção. Ela promove o estímulo neural que libera a produção de hormônios propiciando uma sensação de prazer. Orientados por essas premissas, não podemos deixar de pontuar os aspectos relevantes desses benefícios para a nossa saúde como um todo, pois, uma vez que nosso sistema imunológico está fortalecido por uma onda de “hormônios do bem”, sem dúvida, teremos uma consequente elevação de melhoria do sistema imunológico, diminuindo os riscos de doenças e também possibilitando o prolongamento da vida, já que também teremos uma maior produção das células de defesa do organismo.
Reflexões e autoconhecimento
A necessidade de fazer e receber a gratidão e a mágoa, gerando conflitos, cobranças e sofrimentos não é nada saudável nem equilibrado. Isso exige muito de você e alimenta transtornos psíquicos desnecessários, além de colocá-lo dentro de um ciclo vicioso em que o chicote imaginário entra em ação para puni-lo emocionalmente cada vez que o agradecimento não vem. A grande verdade é que o verdadeiro equilíbrio está em fazer e não criar expectativas, do contrário, haverá frustração. Faça o que estiver ao seu alcance!
Porém, o autoconhecimento nos leva a criticar o que sentimos, nos conduzindo a tentar entender quem quero agradar o tempo todo: a mim ou ao outro? Por que o não reconhecimento do próximo me incomoda tanto? Esse personagem bonzinho, que consegue tudo, resolve tudo, faz tudo, é importante para que eu me sinta preenchido? Tenho medo de perder as pessoas, perder a admiração delas se não as ajudar sempre? Estou querendo holofotes? Ou a gentileza que pratico e carrego são genuínas, me fazem não esperar nada em troca? Vale muito a reflexão.
Desista de agradar a todos
A tentativa de agradar a todos faz com que você seja desonesto consigo mesmo e com as pessoas. Sua atitude não será por compaixão, gentileza ou gratidão, mas pelo reconhecimento. Faz para que o outro fique devendo algo a você. Para que possa se sentir poderoso e para diminuir, emocionalmente, a pessoa a quem ajudou. Se você fez e a pessoa não agradeceu, certamente isso fala mais dela do que de você. Não sofra! Reveja as suas atitudes e se posicione de outra maneira.
Enfim, pense nisso e analise se a sua mágoa pelas pessoas não o agradecerem não está alocada em outras questões. Ninguém tem conhecimento acerca dos problemas do outro, então leve um sorriso e uma mão estendida sempre que possível, sem esperar nada em troca. Seja grato e gentil. Afinal, podemos, sim, ser sol no dia nublado de alguém. E, desta forma, seremos recompensados com uma sensação de prazer por ter conseguido, por meio de um ato sensível, auxiliar e fazer o dia do outro mais leve. Não esqueça: pequenas atitudes podem transformar o mundo.
Dra. Andréa Ladislau.
Psicanalista.