Andrea Ladislau

Cuidados com a saúde mental dos idosos

Entenda os cuidados que devemos ter com a saúde mental da terceira idade

Na semana em que comemoramos o Dia do Idoso (ou da pessoa de melhor idade), aproveitamos para salientar os cuidados que devem ser aplicados em relação à saúde mental destes.

O equilíbrio emocional é fundamental para afastar qualquer tipo de pensamento ruim. No entanto, sabemos que para atingir esse equilíbrio uma série de fatores estão envolvidos. A etapa da vida caracterizada como velhice é carregada de histórias bonitas e velhas lembranças, mas, em muitos casos, de sofrimento e tristeza também. Nas faixas etárias mais avançadas, os relatos de transtornos depressivos e suicídios só aumentam.

E é necessário estarmos atentos aos sinais e entendermos como auxiliar o idoso nesses momentos. Continue lendo e confira o conteúdo completo.

O envelhecimento e o desequilíbrio mental 

O envelhecimento apresenta fatores muitos distintos que podem apontar causas que levam ao desequilíbrio emocional, visto que não se pode afirmar que existe uma causa única para o sentimento de perda demonstrado pelo idoso, mas um complexo de valores associados que devem ser ponderados e reparados por todos. 

Esses sofrimentos psíquicos e o desejo de antecipar a vida podem ser motivados por diversas perdas específicas dentro de um processo de envelhecimento, como: perda da saúde, autonomia, produtividade, papéis sociais, perda de cônjuges, amigos, entre outras.

Os medos do idoso relacionado ao desenvolvimento da depressão

Diante deste cenário, não é raro encontrarmos idosos que sofrem de transtornos depressivos em diversos níveis de intensidade. A depressão é a desordem mais comum nesse segmento etário. A vulnerabilidade está concentrada no isolamento social, no fato de não serem, muitas vezes, incluídos na sociabilidade de lazer da família, na falta de diálogo e de alguém para ouvi-los, além do medo de se tornar um peso para os parentes, na dependência constante do outro e no alto número de medicamentos que precisam ser ingeridos todos os dias, tornando-os prisioneiros dos fármacos.

Esses fatores geram um conflito interno e uma insegurança que alimentam a angústia associada a uma tristeza profunda.Dessa forma, gera-se uma verdadeira enxurrada de sintomas, como: solidão, baixa disposição, pessimismo em relação ao futuro, irritação sem motivo, autoacusação, insatisfações e distúrbios do sono e do apetite, que podem fomentar ideias suicidas. 

A depressão ainda pode provocar fadiga persistente, mesmo sem esforço físico, e demandar maior energia na realização de atividades simples e leves. 

Identificando os sinais

Não se sentir mais útil é um dos maiores fantasmas do envelhecimento. Entretanto, existe uma falsa impressão impregnada por aqueles que falam sobre  o idoso se considerar no fim da vida porque passou pela adolescência, estabeleceu uma família, já enfrentou o pior e agora não sente mais o mesmo ânimo do passado. 

Devemos estar atentos aos sinais, as pistas verbais e comportamentais que demonstram que algo está errado. O isolamento recluso, a falta de interação, a irritabilidade, o pessimismo exagerado, os distúrbios do sono e do apetite, a tristeza profunda e a falta de energia e motivação são grandes sinalizadores de que o idoso pede socorro. 

Acolhimento e compreensão são as palavras-chave

Portanto, o que precisa ser feito é diminuir a vulnerabilidade que uma pessoa dessa faixa etária carrega em seu inconsciente. Uma fragilidade alimentada por inseguranças e conflitos internos tão cruéis que são capazes de antecipar, de forma drástica e definitiva, a sua partida. Assim como uma criança, um jovem e um adulto, o idoso também precisa se sentir vivo. Precisa, sobretudo, ter condições de expor seus medos, suas queixas, suas dúvidas, alegrias e tristezas. 

Ao externar essas emoções, o sofrimento fica mais leve e a carga menos pesada. Não deixe para o dia seguinte! Se você pode acolher, ouvir e ajudar uma pessoa em sofrimento, faça agora. Muitas vezes, temos pessoas à nossa volta que estão sorrindo por fora, mas, internamente, apresentam um psicológico abalado e fragilizado,já não suportando mais a dor. Depressão na velhice é coisa séria, não ignore os sinais. 

A melhor arma no combate a esse mal é o apoio emocional. Acolha, demonstre apoio e tenha empatia. Envelhecer está longe de ser um mar de calmaria. No entanto, pode ser, sim, um mar de ondas nostálgicas que tragam velhas lembranças e histórias de uma vida inteira, recheada da individualidade e da marca pessoal do idoso. Acolher é a maior prova de amor e de reconhecimento por toda uma vida de contribuições e ensinamentos. 

Dra. Andréa Ladislau.

Psicanalista.


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