Andrea Ladislau

Conheça a Síndrome de Nomofobia: um vício em nossas mãos

Entenda a Síndrome de Nomofobia, um vício moderno que acomete diversos brasileiros diariamente

O que até bem pouco tempo parecia inofensivo por auxiliar na aproximação de pessoas, hoje demonstra a dominação total do ser humano. Estamos falando da necessidade descontrolada de estarmos sempre conectados. Da urgência e dependência de uma tecnologia que foi até muito mais potencializada com a pandemia e, consequentemente, com o isolamento social. Se não tratado ou moderado, esse uso tecnológico em excesso pode se transformar em uma síndrome nociva para a saúde mental dos indivíduos: a nomofobia.

Nomofobia, o que é?

Você já ouviu falar em nomofobia? Sabe do que se trata? Atualmente, viver conectado é algo tão comum quanto comer, beber ou se vestir. Essa conexão se dá a todo tempo e em qualquer lugar através de dispositivos móveis como celulares, smartphones e tablets, por meio dos quais as pessoas obtêm e divulgam informações, compartilham dados, fazem compras, checam a conta bancária, estabelecem relacionamentos, dentre muitas outras coisas. Neste sentido, surge essa síndrome oriunda do excesso da utilização tecnológica. 

Ela consiste em nada menos do que a capacidade que o indivíduo tem de perder o controle sobre si mesmo e tornar-se “escravo” da tecnologia, ou seja, tornar-se dependente de um aparelho, sentindo um medo irracional de estar desconectado do mundo virtual e desatualizado de informações ou eventos. Consequentemente, o uso exagerado de aparelhos eletrônicos pode refletir no surgimento desse transtorno psicológico, porque permanecer conectado a todo tempo passa a ser mais atrativo do que todas as outras possibilidades. Um sinal claro de que a vida real está sendo substituída por uma realidade virtual.

Como identificar o transtorno?

De que forma podemos fazer essa classificação entre a necessidade doentia do uso das redes e conexões para uma utilização saudável? Como perceber se isso está de fato acontecendo? Para explicar melhor, três fatores principais precisam ser avaliados: a exclusividade, pois sinaliza que a tecnologia passa a ser a sua única fonte de obter prazer e satisfação; a tolerância, na medida em que a pessoa gasta cada vez uma parte maior do seu tempo com o celular, por exemplo; e, por fim, temos a abstinência, que consiste no surgimento de sintomas desagradáveis e mudanças bruscas de humor, especialmente quando não se pode utilizar o aparelho ou qualquer outro instrumento tecnológico. Uma abstinência comparada, inclusive, com a abstinência de drogas.

Sintomas da Síndrome de Nomofobia

É importante também ficar atento aos sintomas característicos da nomofobia, que são: a dificuldade de concentração, em que o indivíduo não consegue tirar o olho do celular — as notificações chamam e ele é tomado por uma irresistível necessidade de ver e responder quase que instantaneamente, ficando até angustiado de não o fazer —, e o desejo imenso de estar conectado a todo momento, alimentando internamente uma sensação de estar perdendo algo sempre que está desconectado. ⠀

A Síndrome da Nomofobia reflete, na verdade, uma camuflada necessidade de aceitação e pertencimento. Ela contribui para a imaturidade emocional, em que a pessoa afetada demonstra atitudes imediatistas que denunciam total falta de controle sobre os impulsos, além de altos níveis de ansiedade e insegurança.

Como encontrar o equilíbrio?

É claro que não podemos negar que o mundo virtual tem muito a oferecer e muito a proporcionar ao nosso cotidiano, especialmente agora, no momento em que a tecnologia tornou-se necessária para o auxílio e aproximação das pessoas durante o isolamento social. Facilitou e potencializou também o comércio virtual, mudando a vida de muitos que não se viam tão cibernéticos (caso dos idosos que, cada vez mais, estão interagindo nas redes). 

No entanto, é preciso enfrentar o mundo real, afinal não somos seres meramente virtuais. Desconectar-se e desintoxicar-se das redes, associando esse trabalho com terapias pontuais, pode ser um excelente antídoto contra a nomofobia. Um detox digital pode ser um poderoso aliado, pois é uma verdadeira desintoxicação das redes e do mundo virtual. 

Para iniciar esse processo, desligue o celular e se afaste da conexão por pelo menos 1 ou 2 horas todos os dias. Durante o período em que estiver desconectado, procure fazer atividades mais prazerosas e voltadas para si, sem a necessidade da tecnologia, como, por exemplo, ler um livro, tomar um banho de mar, apreciar a natureza ou mesmo conversar com os familiares próximos. Existem muitas ações práticas que podem ajudar a frear e controlar o impulso por estar conectado a todo momento, favorecendo assim o bem-estar e o alívio emocional necessário para o fortalecimento de sua saúde mental.

Dra. Andréa Ladislau

Psicanalista


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