Andrea Ladislau

Como identificar e tratar a dependência emocionaL

O relato da atriz Bruna Griphão acende o alerta sobre a necessidade de tratar o apego excessivo que gera a codependência.

Já não é de agora que ouvimos notícias sobre inúmeros relacionamentos tóxicos entre pessoas famosas, mas um relato recente chama atenção para a necessidade de identificar e tratar do assunto. Durante uma conversa entre os participantes do reality show Big Brother Brasil, a atriz Bruna Griphão, de 23 anos, admitiu que sofre de dependência emocional, também conhecida como codependência.

Essa exposição do tema, de maneira ampla, aberta e de alcance nacional, permite o debate saudável sobre a questão que aprisiona tantas pessoas que, sem saber, estão diante de um transtorno emocional que pode e deve ser tratado.

A atriz viveu, no início do programa, um breve romance com outro participante, já eliminado. Essa relação chamou muito a atenção, tanto do público quanto dos próprios colegas de confinamento, por apresentar traços de toxicidade e manipulação emocional por parte do parceiro. Mas o que mais chama a atenção atualmente é a demonstração de carência e dependência emocional em que a atriz se encontra. Uma vez que, após a saída do rapaz, Bruna já se disse encantada e até verbalizou um “eu te amo” para um outro concorrente no programa. A atriz reconheceu que sofre de um distúrbio psíquico que precisa de acompanhamento especializado: “A dependência emocional eu tenho que tratar lá fora, papo para outra resenha…” afirmou a jovem

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Origens da dependência emocional

A dependência emocional tem raízes neurológicas e comportamentais, mas também pode acontecer como resultado das repetições e histórias de vida traumáticas. O codependente busca o que falta em si mesmo, na relação com o outro. Essa busca pode dar origem a comportamentos patológicos, já que ele deixa de viver a sua própria vida, se anulando e projetando sobre o outro grandes expectativas no relacionamento.

É importante destacar que, apesar de mais comumente observada em relacionamentos amorosos, a dependência emocional também pode ser encontrada em outras relações – entre amigos, parentes, pais e filhos etc. Nesse distúrbio, a pessoa dependente cria e fantasia afetos e romances que não existem, uma vez que a autoestima baixa e a evidente carência alimentam o comportamento de dependência.

Esse distúrbio gera uma necessidade constante de cuidado e proteção, o que impede que o  indivíduo  perceba que está anulando sua individualidade, pois passa a viver em função do outro. Infelizmente, é cada vez mais comum relatos de dependência emocional entre mulheres. Engana-se quem pensa que só acontece com elas. Os homens também podem se sentir diminuídos e perder o senso crítico. Um grande risco, já que relações desse tipo alteram o equilíbrio emocional. 

A dependência emocional incapacita o indivíduo de dizer não e escancara uma necessidade de controle, o que seria um sinônimo de segurança. Além disso, a perda da autoconfiança também é um complicador para fomentar a condição destrutiva. É preciso desenvolver a autoconfiança contínua e persistente, de forma realista, autêntica e socialmente apropriada, para que, dessa maneira, a dependência vá perdendo forças e dando lugar ao autocuidado, à autoestima, à autocompaixão e ao amor-próprio.

Psicanálise x dependência emocional

A melhor forma de tratar a dependência emocional é lidando com as emoções e sentimentos na terapia, assim, será possível se conscientizar de que existe uma dor e uma ferida que precisa ser tratada. Desse modo, será possível ter clareza de que se está vivendo uma relação tóxica, em que apenas o que é do outro e para o outro faz sentido.  Alguns sintomas podem ajudar você a identificar e procurar ajuda especializada. São eles:

  • Culpa excessiva;
  • Medo da solidão;
  • Desejo de autodestruição;
  • Necessidade constante de aprovação do companheiro;
  • Limiar de frustração baixo;
  • Desinteresse em socializar;
  • Conflitos de identidade;
  • Cuidado excessivo com o parceiro amoroso;
  • Foco da felicidade concentrado em uma só pessoa;
  • Autoestima baixa;
  • Ciúmes;
  • Oscilações de humor;
  • Sinais de abstinência na ausência da pessoa amada;
  • Sintomas de ansiedade;
  • Sentimentos de angústia durante a rotina.

O respeito à individualidade é fundamental para que as decisões sejam menos opressoras. Afinal, não somos capazes de superar algo que estamos negando. Descobrir o gatilho e por que existe esse apego excessivo, sem dúvida, é o primeiro passo para a cura. Porém, nem sempre se consegue fazer isso sozinho. Buscar apoio psicológico ajuda, e muito, na identificação das causas.

Enfim, assim como a atriz Bruna Griphao, várias pessoas sofrem com a dependência emocional e são conscientes que algo está em desajuste. No entanto, a questão mais agravante é quando se vive em meio a uma relação devastadora, do ponto de vista emocional, e não se dá conta do quanto está se deixando afundar e se descaracterizar por ser tão dependente.

É preciso recuperar a autonomia emocional para encontrar o bem-estar mental, tão necessários para o ser humano viver de forma saudável e equilibrada.  Saiba que é de extrema importância buscar ajuda especializada nesses momentos e eu posso ajudar você a lidar com a dependência emocional e demais situações que podem comprometer seu equilíbrio e bem-estar.  Agende seu horário pelo WhatsApp: (21) 97023-8669.

Dra. Andréa Ladislau  /   Psicanalista