A presença desse profissional não garante a vitória, mas sua falta pode ser determinante para a derrota.
Dizer que uma competição de tamanhas proporções como a Copa do Mundo mexe com as emoções e sentimentos, tanto de jogadores, comissão técnica, jornalistas, torcedores, entre outros, é “chover no molhado”. A busca por uma vitória em que se conquista a tão desejada taça é o motor que impulsiona todos os envolvidos neste grande espetáculo que acontece a cada 4 anos. Fomos eliminados da competição por inúmeros fatores, e voltamos frustrados para casa. Mas, além da eliminação, a ausência de um psicólogo do esporte na comissão técnica brasileira também causou estranhamento e gerou algumas reflexões importantes.
O profissional de saúde mental especializado em esportes é preparado para auxiliar jogadores e equipe técnica, no gerenciamento das emoções e sentimentos dentro de um universo bombardeado por elevadas pressões externas e internas. Fato é que existe um peso gigantesco de todo um país que cobra e espera resultados do time inteiro.
Além disso, existe a autocobrança dos jogadores, que enxergam na competição a possibilidade de virar um herói de uma nação. Porém, o que vimos foi a negligência dessa atuação profissional de suma importância para se manter o equilíbrio dos personagens envolvidos.
Acompanhamento psicológico na preparação das competições
Infelizmente, não foi levada em conta a ansiedade e estresse intensificados em grandes disputas como a Copa do Mundo. O controle emocional é fundamental para que o nervosismo, o controle do ego, o aplacamento da fúria e da raiva não afetem o psicológico dos atletas. Engana-se quem pensa que o profissional de saúde mental precisa estar apenas no momento dos jogos. O ideal é que esse acompanhamento seja contínuo e que a terapia faça parte do dia a dia dos jogadores, dentro ou fora das competições.
A frustração coletiva com a eliminação do Brasil na Copa do Mundo coloca em xeque a decisão da comissão técnica de não ter um psicólogo do esporte na equipe, pois acredita-se que esse profissional faria a diferença durante toda a participação da Seleção na competição, não apenas na eliminação.
A frustração que tomou conta do time e a postura do técnico em abandonar os jogadores ainda em campo, chorando e sofrendo com o resultado, reforçou a necessidade de valorização da preparação psicológica, a fim de evitar projeções de frustrações e ansiedades pessoais na competição.
Ajuda psicológica para lidar com a ansiedade e frustração
O despertar que a configuração de uma Copa do Mundo atrai, leva uma nação inteira a trocar o sofrimento, as tristezas e preocupações, pelo prazer compartilhado e pela motivação em torcer com garra por uma vitória, provocando a união da população, que esquece suas dores e se concentra na esperança da conquista.
Essa dinâmica já é suficiente para inflamar as emoções pessoais do time, e é neste contexto que a atuação do profissional de saúde mental, por meio de sua técnica e do manejo de ferramentas adequadas, fortalece a importância do equilíbrio e do controle emocional durante todo o processo. Afinal, ele participa atuando nos conflitos do grupo e na harmonia diante do grau de cobrança. Além de ser um facilitador na otimização da capacidade de liderança e no desempenho assertivo dos papéis de cada um dentro de campo, minimizando medo, tensão, angústia e ansiedade.
Enfim, do ponto de vista da saúde mental, fica claro que não se ganha uma Copa do Mundo apenas com frases motivacionais de autoajuda ou fotos inspiradoras de ídolos do futebol. O trabalho com a psiquê humana deveria ocorrer antes mesmo das convocações de jogadores, lapidando a afinidade do elenco e auxiliando no gerenciamento emocional de cada atleta. Que sirva de lição para a próxima Copa do Mundo de 2026!
Se é gestor ou administrador de uma equipe e percebe que precisa de ajuda para lidar com as emoções e sentimentos do seu time, fale comigo pelo WhatsApp (21) 97023-8669.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista