Compreenda como o acolhimento emocional é fundamental para a rede de apoio do autista
O material científico relacionado ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) é muito vasto e disponível para todos que querem se informar sobre sintomas, características e tratamento sobre o tema. É um transtorno que afeta muitas pessoas em todo mundo e que, certamente, exige muito das famílias e indivíduos que convivem com o autista.
Nesse sentido, como fica, então, o responsável, os amigos e as pessoas mais próximas ao portador do transtorno? Como saber lidar com esse cuidado e acolhimento do indivíduo, de forma natural e assertiva? Eu convido você a continuar lendo os próximos parágrafos para refletirmos juntos sobre como o acolhimento emocional é fundamental para a rede de apoio do autista.
Ao abordarmos o cuidado com a pessoa portadora do espectro, sabemos que as dificuldades vão desde identificar esse espectro e entender seus níveis até se adaptar ao aparato acolhedor que é exigido dentro do universo autista.
Cuidando da pessoa portadora do espectro
Cada paciente exige um tipo de acompanhamento específico e individualizado. Sendo assim, a participação da família e de seus cuidadores é fundamental para que seja possível assegurar a qualidade de vida do paciente.
Além disso, se faz extremamente necessária a presença e o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar designada para atendimento de autistas ou portadores do espectro, sendo formada por psiquiatra, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional. Esse cuidado e acompanhamento multidisciplinar pode conduzir o paciente por toda sua história de vida, com alterações de intensidade e frequência, conforme o nível do espectro.
Essa rede de apoio, somada aos familiares e responsáveis, fará intervenções terapêuticas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida, a saúde e o bem-estar do paciente. Profissionais que, juntos, irão avaliar as capacidades e necessidades do indivíduo, de forma a discriminar as melhores técnicas que podem propiciar, cientificamente, maiores chances de melhora.
Cuidando de quem cuida
Quem acolhe esse familiar que sofre por querer melhores condições para esse paciente? E quem cuida de quem cuida? Em primeiro lugar, o que precisa ser feito é adquirir o máximo de informações sobre o transtorno. A ignorância aumenta o preconceito e fomenta as notícias falsas sobre o tema. Quanto mais se entende, se conhece, menos insegurança haverá na família.
Ao saber identificar as etapas, os níveis e os processos vivenciados pelo portador do transtorno, mais fácil será auxiliar e cuidar. Além disso, quem convive com um autista também precisa estar bem emocionalmente. Se eu não estou bem comigo mesmo, como posso cuidar do outro? Se eu não estou equilibrado, como posso oferecer ajuda e acolher quem vive para se equilibrar a cada segundo da vida?
É necessário reforçar o respeito, o amor e a tolerância para que esse indivíduo desfrute de uma vida, com saúde e maior autonomia, uma vez que não há cura para o transtorno. No entanto, quem cuida também merece e precisa se alimentar de sentimentos bons, positivos e otimistas para acreditar que, a cada dia, uma batalha deve ser vencida. Para o autista, é um dia de cada vez.
Enfim, o Transtorno do Espectro Autista não é uma doença, mas, sim, um transtorno mental que pode ser trabalhado, reabilitado, modificado e tratado para que o convívio social seja o mais tranquilo e menos traumático possível. Não é uma sentença. Ele não se cura, mas se compreende, e a aceitação e o autocuidado de quem protege e cuida fará muita diferença.
Dra. Andrea Ladislau.
Psicanalista.