Andrea Ladislau

O ciclo vicioso da culpa

Entenda como o sentimento de culpa pode nos afetar e como lidar com ele

Muito se fala da autopunição e dos chicotes imaginários que  usamos para nos culpar por repetições de comportamentos, situações ou emoções destrutivas, os chamados ciclos viciosos.

No entanto, a culpa que imputamos a nós, quando percebemos que estamos, novamente, fazendo as mesmas coisas, na verdade, é uma tentativa interna de alívio da sensação ruim, ou seja, uma maneira de nos sentirmos melhores apesar dos erros. No entanto, assumir uma culpa e não tomar atitude de mudança não colabora para que o ciclo seja quebrado.

Como o nosso inconsciente reage à culpa 

No fundo do nosso inconsciente, agimos de uma certa forma  para assumir para nós mesmos que não somos pessoas tão perversas, cruéis ou  ingênuas. O que não minimiza os impactos e ações que nos prejudicam. Essas punições são manipulações que criamos para nós e para o outro, objetivando um alívio interno e a valorização dessa falta de atitude em agir sobre  uma verdadeira mudança. Existe, portanto, uma necessidade real de alteração desse comportamento. 

Continuar fazendo as mesmas coisas, tomando as mesmas decisões ou vivenciando situações que causam a culpa, tudo para no final criar justificativas eternas, não ajudam no aprendizado e, de fato, não nos confrontam com o real motivo da repetição.

Entenda seu erro e identifique o motivo de tê-lo cometido

Indague-se: “Por que errei?” “Por que sempre estou agindo desta forma?” “Por que repito sempre os mesmos tipos de relações?” “Sempre o mesmo perfil de pessoas?” “O que me faz me perder?” “Por que perco o controle da situação, se eu já cometi o mesmo erro antes?” Essas perguntas investigativas são de extrema importância no processo de eliminação dos atos repetitivos. Além disso, são consequentes punições imaginárias, tudo por conta de  culpas impostas.

O processo de cura acontece quando realmente se compreende a função da culpa e olha o acontecido com um olhar mais crítico, diagnosticando esse desvio no comportamento. De forma paciente, a curto ou a longo prazo, essa investigação tende a trazer a correção, encerrando o ciclo e confrontando o “eu” para que não caia mais dentro do papel de vítima que sempre nos colocamos.

Mudar as estratégias é necessário

Culpar-se pelos erros e repetições não é uma ação produtiva. É preciso aprender a não sofrer e não se punir sem tomar atitudes que, de fato, modifiquem esse processo, revisitando a situação que gera o desconforto e investigando suas reais motivações. É preciso ser honesto consigo mesmo, desnudando-se da armadura de proteção que pode estar impedindo o ajuste dessa incoerência emocional. Através do seu próprio diagnóstico, descubra qual pode ter sido o gatilho que foi acionado para desencadear o comportamento vicioso, fazendo com que os mesmos erros sejam sempre cometidos. 

Tenha uma autorresponsabilidade

Enfim, apenas sofrer por estar sempre fazendo tudo da mesma maneira, repetindo e repetindo, não adianta nada e não irá ajudar você a livrar-se da culpa e da autopunição. A tendência é permanecer no mesmo lugar. O correto é se autorresponsabilizar, investigando o seu inconsciente, questionando e buscando respostas verdadeiras sobre quais motivações estão sendo aplicadas, até conseguir perceber a razão de ser dos sentimentos, emoções e comportamentos. 

Pare de se lamentar. A chave do sucesso dessa ruptura é o autoconhecimento. Só através dele permite-se que a aplicação correta da inteligência emocional seja capaz de enfraquecer suas resistências e limitações para dar lugar às transformações positivas no alcance de um equilíbrio emocional. 

Dra. Andréa Ladislau.

Psicanalista.


Deixe um comentário