Como proteger nossas relações interpessoais afetivas durante o confinamento social do coronavírus
O confinamento social, medida extremamente necessária para que possamos evitar a disseminação do coronavírus, aponta algumas situações que nos levam a avaliar questões dentro dessa nova experiência a que estamos expostos, como por exemplo: o convívio confinado, processo no qual a proximidade e a convivência em tempo integral desafiam as relações interpessoais.
A convivência em tempo integral em uma quarentena, submetida ao estresse, ao medo e a incerteza do amanhã, tende a fazer com que nossas insatisfações, angústias e frustrações, sejam deslocadas para o outro, de forma intuitiva. Além, claro, do estresse econômico que, potencializado, contribui ainda mais para esse desconforto, complicando, assim, a relação conjugal e florescendo aspectos desagradáveis deste convívio.
O cenário da pandemia alterou os hábitos e a rotina de todos. As famílias estão convivendo 24 horas do dia. O contato com o parceiro foi intensificado. Com isso, já temos relatos de que, com o fim do período de confinamento social na China, o número de divórcios quase triplicou, demonstrando que o relacionamento não resistiu à convivência em tempo integral. Além disso, também já temos dados de que essa mesma temática está sendo aplicada para justificar o aumento de casos de violência doméstica no Brasil e no mundo. Por isso, trago a discussão do tema deste blog post: como proteger as relações interpessoais durante o período de confinamento social.
Autocontrole e empatia de sobra
Para se evitar a deterioração da relação, em primeiro lugar, é importante que cada parceiro entenda que o confinamento social é necessário e que medidas de boa convivência devem ser adotadas, levando sempre em consideração o outro, entendendo que cada pessoa é única, possui características, ciclos de vida e bagagens diferentes. Um pode ser mais vulnerável, ansioso e reativo que o outro. Por isso, o autocontrole é essencial neste momento de quarentena. A meta é não enlouquecer e não enlouquecer quem está a sua volta.
De forma inconsciente, o confinamento social traz a necessidade do indivíduo alinhar-se e, através desse alinhamento, vencer o momento vivenciado. Portanto, o equilíbrio emocional é o ponto chave. Infelizmente, a tendência é, em um convívio prolongado, apegar-se a pequenas coisas, potencializando a raiva, a chateação por questões que antes, quando a convivência era menos intensa, não incomodavam tanto. Agora, mais evidentes, podem desagradar, fomentando o total desconforto.
O desafio dos casais neste período é, além de manter sua saúde e a de todos, também manter, de forma saudável e equilibrada, as suas relações interpessoais. Buscamos a assertividade constante, mas temos que aprender a controlar os ímpetos, com orientação, foco e muita empatia.
Cuide das suas relações com diálogo e cumplicidade
Adotar um modelo acusatório, apontando o dedo para culpar o parceiro por tudo, certamente irá ativar a defesa do outro, que poderá reagir com ataques. Vitimizar-se também não trará uma energia saudável para a relação. O clima também poderá ficar pesado e desconfortável se um dos parceiros se colocar de forma queixosa e cheia de lamúrias, alimentando a negatividade. As repetições, os excessos de cobrança, as necessidades de convencimento são, sem dúvida alguma, aspectos nocivos ao convívio.
Todo relacionamento se sustenta pelos níveis de prazer acima dos níveis do desprazer. Portanto, a meta é fortalecer a relação. Algumas medidas devem ser tomadas: intensificar o diálogo com o parceiro, trabalhando, de forma consciente, a cumplicidade e a intimidade do casal. Controlar a agressividade, reagindo com ponderação, polidez e diplomacia. Além do respeito ao limite do outro. Por isso, o diálogo é tão importante para eliminar a distância na comunicação saudável.
Portanto, o vínculo afetivo pode ser melhor solidificado se as atitudes sensatas forem adotadas por ambos neste momento tão estressante e desafiador que estamos vivendo.
Enfim, a potencialização das emoções exige equilíbrio e maturidade para promover uma comunicação pessoal positiva, assim como uma excelente saúde mental. Cuide da forma de falar, use a gentileza, a empatia e a sabedoria, e desenvolva a cumplicidade, uma vez que a pandemia pede autocontrole e muita cautela para não tornar seu convívio em um relacionamento tóxico e destrutivo.